Aspectos importantes do uso dos farelos

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ATIVIDADES FISIOLÓGICAS DO IP6
1. O que é o IP6

    É a abreviação do álcool do açúcar, o inositol hexafosfato. Também é conhecido como IHP ou “ácido fítico”.
     Ácido fítico  é o nome normalmente utilizado na indústria de alimentos. O IP6 é um ácido orgânico com uma potente capacidade de redução do pH apesar do seu sabor ácido relativamente suave. É um líquido viscoso claro, amarelo brilhante, que se dissolve bem em solventes polares tais como a água ou água com etanol, mas é relativamente insolúvel em solventes orgânicos. É relativamente estável sob uma temperatura “normal” mas quando aquecido, perde gradualmente os grupos  fosfatos através da hidrólise e decompõem-se para IP5 – IP1 e finalmente em inositol.
    Na natureza, é encontrado na maioria das plantas, como um sal mineral (fitina) do cálcio, magnésio, etc, e  funciona  como reservatório  de fósforo -  60-90% do fósforo total da planta está na forma de fitina.

    A fitina é encontrada em abundância no milho, sementes e feijões e principalmente no farelo de arroz correspondendo  de 9.5 a 14.5% do peso. O IP6 é produzido industrialmente a partir do farelo de arroz. Também é encontrado nos tecidos animais.
    Recentemente foram relatadas várias atividades e funções fisiológicas. Estão previstas  futuras aplicações e aumento do uso do IP6 em várias áreas médicas e no  setor industrial. Este artigo discute o IP6 e os seus derivados mostrando seus efeitos fisiológicos.

2. Ação fisiológica do IP6

Ação anti-câncer e anti-tumor 

     Recentemente a ação anti-câncer a anti-tumor do IP6 tem atraído muita atenção. Shamsuddin et al., University of Maryland, USA, estudou as ações do IP6 durante muitos anos e relatou resultados importantes no câncer de mama, leucemia, fibrosarcoma do tecido mole, etc.
     Um dos primeiros estudos reportou o efeito inibitório do IP6 acrescentado á água potável numa situação de grande ocorrência de câncer de intestino  em ratos tratados com carcinógenos. A partir deste estudo, outras pesquisas foram efetuadas com vários estudos in vitro e in vivo e confirmaram a ação anti-câncer do IP6 em vários tecidos e órgãos.  Uma característica importante do efeito anti-câncer  e anti-tumor do IP6 é a sua ampla abrangência de ação.
     Estudos mostram que o IP6 tem ação inibidora em uma grande variedade de células malignas seja qual for o tipo de câncer.  As pesquisas sugerem que o mecanismo de ação do IP6 é único porque  inibe a   propagação anormal das células do tumor sem as destruir,  induzindo  para que a sua estrutura, tamanho, etc, se pareça mais com a das células normais.
Outros estudos mostram que o IP6  reforça a capacidade de imunização aumentando a atividade nas células NK como linfócitos existentes no organismo e eliminando as células do tumor.
    Os estudos sugerem que o IP6 tem múltiplas e eficientes ações anticancerígenas, através de vários mecanismos.  Por isso, a combinação do IP6 com o inositol parece possuir efeitos sinérgicos e o futuro destas substâncias no tratamento anti-câncer é promissor.

Componentes do sangue e o IP6
     
    Algumas das ações fisiológicas do IP6 estão relacionadas com os componentes do sangue.Uma das principais ações do IP6 está relacionada com o seu efeito contra a hipercolesterolemia. Com o aumento da  concentração do colesterol no sangue, o conseqüente aumento do dano provocado pelo colesterol na parede arterial, resulta na formação do ateroma, a principal causa da doença arterial coronária. Por isso, a normalização e controle dos níveis de colesterol no sangue é um fator importante para a manutenção de uma boa saúde.
      Pelo menos um relatório indica que a adição de sal de IP6 na dieta reduz notavelmente o colesterol no sangue, e a quantidade  de lipídeo neutro. Katayama relatou que o IP6  suprime o aumento de peso do fígado, o colesterol hepático e o lipídeo derivado da sucrose na dieta, bem como aumenta o lipídeo neutro do sangue.
      Embora o mecanismo hemostático da agregação de plaquetas no sangramento causado por danos seja muito importante para a sobrevivência do organismo, a  ocorrência frequente desta reação muitas vezes provoca trombose e está associada á arteriosclerose ateromática. Como o sangramento que leva á morte é raro nos dias de hoje, a supressão da agregação de plaquetas é considerada um meio efetivo de prevenir ou tratar esta condição. A ação de agregação anti-plaquetas do IP6 foi observada em vários estudos com animais tanto in vitro como in vivo. A adição de IP6(2%) á água potável mostrou claramente a inibição da ADP induzida da agregação de plaquetas  em ratos. Assim o IP6 é considerado muito eficaz no tratamento de vários sintomas causados pelo ateroma incluindo o seu uso na diminuição dos níveis de colesterol do sangue. Mais ainda, o IP6 reduz a afinidade oxigênio  da hemoglobina pela forte ligação ao 2,3 – DRG da hemoglobina eritrócitária. O resultado é um melhoramento na quantidade de oxigênio disponível sob uma determinada pressão de oxigênio.
     Estudos referem que com a incorporação de IP6 aos eritrócitos, é eficiente para o tratamento da isquemia aguda e crônica, anemia hemolitica, disfunção pulmonar  e formação de eritrócitos.
      Contudo, existe uma correlação negativa entre a ingestão de IP6 e a resposta de açúcar do sangue e a velocidade de digestão do amido. Esta relação sugere a possibilidade do IP6  ser utilizado em tratamentos que requerem regulação de açúcar no sangue.

Minerais e o IP6

     A relação entre o IP6 e os minerais não é tão boa assim.Devido á sua forte capacidade quelante, o IP6 pode inibir a absorção de certos minerais essenciais para uma boa saúde ; Até hoje o IP6 é considerado um alimento “ruim” do ponto de vista nutricional. Esta imagem  retardou as pesquisas sobre o IP6, mas se  é danoso ou não, é uma controvérsia.
     Apesar de estudos relatarem que o IP6 inibe a utilização biológica do zinco, ferro, e outros metais, alguns procedimentos destes estudos vêm sendo questionados. Por outro lado, alguns estudos não relatam o efeito inibidor do IP6. Um estudo referiu até que o IP6 acelerou a absorção do ferro no intestino.Em animais, o IP6 na sua alimentação é considerado um problema e por isso ele foi retirado. Contudo, esta abordagem pode ser problemática se aplicada a seres humanos que possuem um estilo de vida totalmente diferente no que diz respeito á ingestão de alimentos. O efeito inibidor do IP6 na utilização dos minerais pode não ser necessariamente  um fator negativo.Por exemplo, o IP6 é efetivo na prevenção e tratamento da formação de cálculos urinários e na hipercálciuria devido á sua capacidade  de inativar os ion  cálcio em excesso. Considerando as várias funções fisiológicas do IP6, afirmar, de uma forma global, que o  IP6 é nutricionalmente prejudicial, é uma conclusão precipitada. Uma análise das suas características e mecanismos de ação pode levar á sua utilização positiva.

Dentes, ossos e IP6

     Devido á sua grande afinidade com o cálcio, o IP6 é incorporado aos dentes e ossos. Estudos in vitro sugerem que o IP6 agrega-se á   camada de esmalte dos dentes formando uma camada monomolecular. Esta combinação parece reduzir a velocidade com que a camada é dissolvida pelo ácido sintetizado no processo de formação de cáries nos dentes. Sabe-se que o flúor se junta á camada de esmalte dos dentes e é eficaz também na prevenção de cáries. Contudo, pelo menos um estudo em ratos mostrou o efeito sinérgico na prevenção de cáries com a utilização conjunta de IP6 e flúor (tratamento com flúor após o tratamento com IP6). Adicionalmente, foi relatado que um líquido enxaguatório bucal contendo o sal IP6 (9-18 mM) reduz a formação da placa dentária. Este efeito foi aparentemente provocado pela transformação, pelo IP6, da carga elétrica e propriedade energética  da superfície dos dentes, afetando assim a afinidade das proteínas e bactérias dos dentes. A efetividade do IP6 é indicada como uma medida de proteção contra a cárie dentária.
     Nos ossos, o IP6 é considerado  eficaz na prevenção e tratamento de absorção anormal dos ossos e formação (turnover dos ossos) em várias doenças metabólicas dos ossos. Este efeito parece ser devido á adsorção  do IP6 à hidroxiapatita para inibir a formação de novos cristais  e o crescimento dos cristais já existentes. Apesar das questões não resolvidas quanto á efetividade clínica do IP6, as expectativas são altas em relação ao futuro.

Ação desodorante do IP6

     É conhecida a ação do IP6 na desodorização do corpo, boca, e odor da urina.  A causa destes odores é a decomposição enzimática  das secreções humanas e a formação de substâncias odoríferas pelas bactérias. Assim, o mecanismo da ação desodorizante   a ação do IP6 é provavelmente a inativação dos minerais traço das enzimas resultando na desativação dessa enzima através da ação quelante do IP6. Assim, espera-se a utilização do IP6 na confecção de produtos desodorizantes, incluindo a sua utilização em animais.
      Devido á sua inibição na formação da placa dentária, a inclusão do IP6 em artigos para a boca devido á inibição da formação da placa dentária, é também esperada.
     Outra aplicação interessante é a ação desentoxicante do IP6 no alcoolismo agudo.
    Aparentemente participa na formação e decomposição dos aldeídos como metabólitos do álcool em paralelo com a  ação desodorizante do odor  álcoólico.

3. IP5 – IP1
            
     O mecanismo básico das ações fisiológicas descritas acima seria teoricamente devido a ingesta do IP6 via função reguladora celular. De acordo com Shamsuddin et al.,, e no o IP6 é absorvido no estômago intestino delgado e depois distribuído por cada tecido onde é aproveitado  por cada célula individualmente.  O IP6 é absorvido rapidamente principalmente pelas células malignas e é metabolizado  para os  fosfatos menores de inositol (IP5-IP1).    
Pensa-se que a  normalização das funções das células ocorre porque o IP6 é absorvido e coletado no pool do fosfato de inositol, metabolizado a IP5-IP1 e incorporado na rota metabólica fosfato-lípidica de inositol, onde funcionam como  mensageiros secundários. O inositol trifosfato (IP3) é uma das substâncias típicas  na rota  metabólica do  fosfato inositol. É bem conhecido o envolvimento do IP3 como  mensageiro secundário  na regulação da função  celular, incluindo a liberação do cálcio do  retículo endoplásmico.
      O IP4 e IP5 estão também implicados  como fatores reguladores da rota  metabólica do fosfato inositol lípidico.
     Supõem-se  que o IP1 e IP2 acelere a absorção do cálcio e magnésio.    Presentemente, a produção em massa dessas substâncias  não foi ainda estabelecida e necessita-se de mais pesquisa sobre suas  ações. Contudo, pode-se conceber a utilização de uma mistura de vários fosfatos de inositol  obtida através de decomposição parcial como uma substância alimentar, e ser  uma área promissora no futuro.

4. Conclusão: 

    Em junho de 1999, em Kyoto, Japão, ocorreu um simpósio internacional intitulado ” Prevenção de Doenças pelo IP6 e outros  componentes do arroz”, que durou 2 dias. O simpósio focalizou a atividade fisiológica do IP6 e muitos resultados de pesquisas foram apresentados, incluindo 31 apresentações de convidados e 50 sessões de posters por pesquisadores conhecidos no mundo.
     Apesar de ter sido o primeiro simpósio sobre este assunto,  atraiu cerca de 500 participantes e muita atenção de outras áreas. Contudo, o reconhecimento da utilidade do IP6 é ainda muito lento. Espero que este artigo contribua para um aumento no interesse nesta substância tão atraente, originária do farelo de arroz.

* Tradução  do artigo Physiological Activities of IP6  (Tsuno Foods & Rice)
Tsuno Foods & Rice http://www.tsuno.co.jp

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