Aprenda a contar os carboidratos

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   Carboidratos, também conhecido como açúcares, são nutrientes encontrados nos alimentos e que possuem como função básica fornecer energia (calorias) que será consumida nas atividades diárias do nosso organismo.

   No processo de digestão, os carboidratos são quebrados em particulas menores conhecidas como glicose (açúcar) que entra na corrente sanguínea. Em uma pessoa não diabética, a glicose que entra no sangue rapidamente passa para dentro dos órgãos pela ação da insulina. Quanto mais carboidrato a pessoa come, mais insulina será liberada pelo pâncreas para que toda glicose absorvida no processo de digestão vá para os órgãos onde será utilizada para fazer energia.
   Nos pacientes diabéticos tipo I, o pâncreas perdeu a sua capacidade de produzir insulina pois houve uma destruição das células responsáveis pela produção deste hormônio. Para substituir a produção de insulina do pâncreas, os pacientes diabéticos necessitam fazer uso de aplicações regulares de insulina. Atualmente, os esquemas de tratamento utilizam uma combinação de insulina de ação prolongada (NPH ou glargina - Lantus®) com aplicações de insulina de ação ultra-rápida (lispro - Humalog® ou aspart - Novo Rapid®) antes das refeições. Outra opção, cada vez mais comum, é o uso de aparelhos conhecidos como "bomba de insulina" que fazem uma infusão constante de insulina e quando a pessoa se alimenta, programa-se uma liberação rápida de de insulina ("bolo").
   Tanto a quantidade do "bolo" de insulina quanto da aplicação de insulina de ação ulta-rápida devem ser calculadas conforme a quantidade de glicose que irá entrar na corrente sanguínea, imitando o que acontece com as pessoas sem diabetes. Ou seja quanto mais carboidrato na dieta, mais glicose será absorvida e mais insulina será necessário para evitar que ocorra uma elevação nos níveis de açúcar no sangue (glicemia). Uma das ferramentas que existem para orientar o paciente a determinar a quantidade de insulina a ser utilizada é a contagem de carboidratos. Com ela o paciente terá mais liberdade ao se alimentar, menor número de hipoglicemias e melhor controle do diabetes.
      Este guia auxilia os pacientes diabéticos tipo I que encontram-se em terapia intensiva para controle do diabetes. Mas lembre-se que todo o tratamento deve estar de comum acordo as orientações fornecidas pelo seu endocrinologista. Por isto discuta sempre com o seu médico antes de qualquer mudança. O auxílio de uma nutricionista facilita a adequação da dieta com a dose de insulina preconizada

Importante:            
   Você poderá , esporadicamente, consumir alimentos ricos em açúcar, estando o controle do diabetes garantido com a utilização da bomba de infusão de insulina.
   O consumo excessivo desses alimentos acarretará ganho de pese e aumento da necessidade de insulina, que poderá ser prejudicial à sua saúde. Portanto, seja moderado!

    Nas tabelas apresentadas à seguir, você encontrará esses alimentos em medidas caseiras, em gramas ou ml. e a quantidade de carboidratos.

    Use a seguinte regra para calcular a quantidade de insulina que você irá precisar:

Para usuários de bomba de insulina

Adultos: 1 unidade de insulina para cada 10 a 15 g de carboidrato
Crianças: 1 unidade de insulina para cada 15 a 20 g de carboidrato

Para usuários de múltiplas aplicações de insulina de ação ultra-rápida com seringa

Adultos: 1 unidade de insulina para cada 15 a 25 g de carboidrato
Criança: 1 unidade de insulina para cada 20 a 30 g de carboidrato

Exemplo:

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Bolus de insulina = 45 ÷ 15 = 3

Tome este bolus 15 minutos ou imediatamente antes de comer se estiver utilizando insulina de ação ultra-rápida. 
* Coma somente o número de carboidratos que você planejou. 

*Teste a sua glicemia 2 horas e 4-5 horas após a refeição. O ideal é que depois de 2 horas a sua glicemia não tenha subido mais do que 50 pontos e retorne ao nível pré refeição em 4-5 horas.
Se a glicemia após 4 horas estiver 20 pontos acima da dosagem inicial, diminua a relação entre carboidratos e insulina em 2 pontos (de 15 para 13 por exemplo).
Se a glicemia estiver 20 pontos abaixo da dosagem inicial, aumente a relação entre carboidratos e insulina em 2 pontos (de 15 para 17 por exemplo).

* Anote todos estes dados de forma cuidadosa em uma tabela, não se esquecendo de anotar tambem o que comeu em cada refeição, e quantos carboidratos contou em cada porção de alimento. Anote tambem os resultados de glicemia e a quantidade de insulina aplicada.Discuta com o seu endocrinologista e nutricionista os resultados.

todos esses cuidados são fundamentais para que sua dose individualizada de insulina seja definida

Regras para contagem de Carboidrato 

  1. Tenha a sua glicemia entre 80 e 120 antes da refeição, este é seu objetivo; 
  2. Anote tudo o que irá comer e a quantidade em medidas caseiras. Faça isso cada vez que for comer;
  3. Identifique os alimentos de sua escolha que contém carboidratos .
Abaixo as tabelas de alimentos e seus respectivos carboidratos.
Eles poderão ser: 






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*Estes alimentos contêm açúcar 

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 Contagem dos Carboidratos   


     Após tantas mudanças no campo da nutrição, sabemos que hoje não existe nenhuma dieta para portadores de diabetes ou dieta da ADA. Pesquisas têm fornecido aos profissionais da saúde a oportunidade de oferecer guias mais flexíveis e menos rígidos.
     Até 1950 listas padronizadas de porções não estavam disponíveis. Foi então que a American Dietetic Association e a American Diabetes Association criaram um método de substituições, onde os alimentos são agrupados de acordo com seus valores similares em calorias, carboidratos, proteínas e gorduras, permitindo que alimentos do mesmo grupo sejam substituídos por outros. Infelizmente, este método não leva em consideração as preferências do indivíduo, nível cultural e estilo de vida. Quando uma pessoa com diabetes é incapaz de aderir a esta dieta, ela é considerada "não aderente", "desmotivada" ou "difícil".
     Em 1994 um comitê da American Diabetes Association observou que existiam poucas evidências científicas que sustentassem a idéia de restringir alimentos que contenham açúcar para pessoas com diabetes. Eles notaram que 10 gramas de carboidrato vai ter basicamente o mesmo efeito na glicemia do indivíduo, independente do tipo de carboidrato. O mais importante é a quantidade de carboidrato que este indivíduo come, já que 100% deste carboidrato se transformará em glicose. A Contagem de Carboidratos foi também uma das 4 estratégias alimentares utilizadas pelo DCCT, onde pacientes e profissionais acharam que este sistema permite maior flexibilidade nas escolhas dos alimentos e ajudam a alcançar os objetivos glicêmicos.
     Podemos então definir Contagem de Carboidratos como uma estratégia de plano alimentar que se focaliza inicialmente na quantidade total de carboidratos. Enfatiza a relação entre alimentos, atividade física, glicemias e medicação. Pode ser usada tanto nos pacientes com DM tipo 1 e tipo 2. O nutricionista determinará o total em gramas de carboidrato que o paciente deve ingerir em determinada refeição ou lanche, com base na medicação, exercícios e objetivos de peso e bom controle glicêmico. Então, será a escolha do paciente como preencher essa necessidade de carboidrato.

   Num exemplo prático com um portador de DM2, onde temos estabelecido para o jantar a ingestão de 75 g de CHO. Em uma noite ele escolhe:

Opção 1
Macarrão - 1 xícara chá = 30g CHO
Sobrecoxa de frango - 1 unidade = 0g CHO
Hortaliças cruas - 1 xícara chá = 0g CHO
Suco de laranja - 1 copo = 30g CHO
Fruta - 1 unidade média = 15g CHO
TOTAL = 75g CHO

Em outro jantar ele escolhe o mesmo macarrão e como sobremesa uma fatia de bolo com cobertura, como mostramos abaixo:

Opção 2
Macarrão - 1 xícara chá = 30g CHO
Sobrecoxa de frango - 1 unidade = 0g CHO
Hortaliças cruas - 1 xícara chá = 0g CHO
Suco de Laranja - 1 copo = 30g CHO
Bolo de chocolate - 1 fatia = 15g CHO
TOTAL = 75g CHO

     Vimos então que o indivíduo manteve as mesmas quantidades de carboidrato com a possibilidade de variar seu cardápio. No caso do paciente com DM1 em terapia intensiva com múltiplas aplicações de insulina ao dia ou em uso de bomba da infusão contínua de insulina, utilizando o mesmo exemplo acima onde temos:

Opção 1
Macarrão - 1 xícara chá = 30g CHO
Sobrecoxa de frango - 1 unidade = 0g CHO
Hortaliças cruas - 1 xícara chá = 0g CHO
Suco de laranja - 1 copo = 30g CHO
Fruta - 1 unidade média = 15g CHO
TOTAL = 75g CHO ÷ 15 = 05 unidades de insulina

Podendo ser substituído por:
Opção 2
Macarrão - 1 xícara chá = 30g CHO
Sobrecoxa de frango - 1 unidade = 0g CHO
Hortaliças cruas - 1 xícara chá = 0g CHO
Bolo de chocolate - 1 fatia = 15g CHO
TOTAL = 75g CHO ÷ 15 = 05 unidades de insulina
     
    Nestes tipos de terapia é possível saber qual a necessidade de insulina para cobrir os gramas de carboidrato por refeição a serem ingeridos. Partindo de uma regra geral, onde 1 unidade de insulina regular ou ultra rápida cobrem 15 gramas de carboidrato, ou então descobrindo a sensibilidade com base no peso.
    O paciente pode, da mesma forma que o DM2, substituir suas refeições. Ou então, ter a liberdade de alterar os gramas de carboidratos, liberando apenas a insulina necessária naquele momento.
    Independente do tipo de diabetes, vale ressaltar a importância do paciente avaliar sua glicemia antes e até 2 horas após a refeição, para o conhecimento do exato efeito individual dos alimentos na sua glicemia. Além disso, é importante reforçar que tal terapia deverá ser orientada sempre por profissionais nutricionistas, pois é evidente que não devemos substituir alimentos saudáveis por doces em todas as refeições. Ninguém deve, mesmo quem não tem diabetes. Também não devemos simplesmente ignorar proteínas e gorduras porque têm menor efeito na glicemia. A alimentação saudável é ainda nosso objetivo principal.

Referências
1. The Joslin Guide to diabetes _ Richard S. Beaser, Joan V. C. Hill, 1995.
2. 16 Myths of Diabetic Diet _ Chalmers K. H. & Peterson A, 1999.
3. Diabetes Medical Nutrition Therapy _ A professional guide to management and nutrition resources _ Holler, Harold and Pastors. The American Diabetes Association and ADA



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